Com curadoria de Fabrícia Jordão, a mostra reúne obras de 21 artistas que criaram contranarrativas e colocaram-se criticamente diante de seus contextos
O Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR) inaugura, dia 9 de outubro, às 19 horas, a exposição “Pequenos gestos, memórias disruptivas”, resultado da intensa pesquisa feita pela curadora Fabrícia Jordão no rico e diverso acervo da instituição, que hoje reúne em torno de 1.800 obras.
A mostra se estrutura em três núcleos. Um deles, de caráter mais alegórico, revolve em torno da questão identitária brasileira, passando por percepções exóticas e simplificadoras da cultura nacional, muitas vezes vista por meio do olhar estrangeiro, embotado de clichês. Outro núcleo contém obras que compartilham entre si abordagens geopolíticas, propondo discussões a respeito de fronteiras e território. O terceiro, por sua vez, está voltado a questões de viés ambiental, ecológico, tão presentes nos debates da contemporaneidade.
Focada em contranarrativas de criadores que questionam ou contrariam discursos hegemônicos, a curadora afirma que “em cada um dos três conjuntos de obras é possível perceber gestos que interrompem as narrativas que normatizam e naturalizam opressões e violências na constituição de uma identidade nacional”.
Fabrícia Jordão é doutora e mestre em Artes Visuais pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP). Professora titular do Departamento de Artes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), é responsável pelas disciplinas de curadoria, mediação e educação.
Foram selecionadas para a mostra obras de 21 artistas que integram a coleção do MAC-PR: Alice Yamamura (PR), Antonio Henrique Amaral (SP), Aprígio Fonseca e Frederico (PE), Beto Schwafaty (SP), Carla Vendrami (PR), Danúbio Gonçalves (RS), Dulce Osinski (PR), Eduardo Freitas (PR), Estevão Machado (MG), Glauco Menta (PR), German Lorca (SP), José Carlos Sade (PR), Jorge Francisco Soto (Uruguai), Liz Szczepanski (PR), Marcelo Conrado (PR), Plínio César Bernhardt (RS), Rogério Ghomes (PR), Vera Chaves Barcellos (RS), Vera Rodrigues (SP) e Vilmar Nacimento (SC).
Para a diretora do museu, Ana Rocha, nos “pensamentos contranarrativos” desses criadores, “novos termos e conceitos aparecem e precisam ser apresentados de forma didática, mas também a partir de debates críticos”. A maior riqueza do acervo do MAC-PR, ela afirma, é “ser plural, diverso; um lugar de debate crítico e de formação de público”.
Serviço
Abertura da exposição “Pequenos gestos, memórias disruptivas”
Dia 9 de outubro de 2019, às 19 horas.
Em cartaz até 16 de fevereiro de 2020.
Visitação de terça a domingo, das 10h às 18h. Entrada gratuita na abertura e toda quarta-feira. Nos demais dias R$20 e R$10 (meia-entrada)
Museu de Arte Contemporânea do Paraná
Rua Marechal Hermes, 999 – salas 8 e 9. Temporariamente, por causa da reforma em sua sede, o MAC-PR está funcionando nas dependências do Museu Oscar Niemeyer.
MAC-PR 50 Anos
Criado em 11 de março de 1970 por decreto oficial, o Museu de Arte Contemporânea do Paraná completa 50 anos em março de 2020. Desde o início do seu funcionamento, foi responsável por ser um espaço de tendências e discussões sobre arte contemporânea. Atualmente, seu acervo é composto por 1.800 obras de artistas paranaenses e brasileiros, além de estrangeiros. É referência em pesquisa e documentação no Estado para pesquisadores da área e realiza ações de arte e educação para a comunidade. Sua sede (no centro de Curitiba, onde estava desde 1974) está fechada para reforma e restauro. Por enquanto, o MAC-PR funciona nas salas 8 e 9 do Museu Oscar Niemeyer (MON).