Aplicada no tratamento da enxaqueca, bruxismo e como relaxante muscular, a toxina botulínica, que era extremamente procurada para amenizar rugas e marcas de expressão, vem ganhando cada vez mais espaço devido a suas utilizações nas mais diversas áreas

A toxina botulínica já é uma velha conhecida na hora de corrigir rugas e marcas de expressões, sendo um dos procedimentos estéticos não cirúrgicos mais realizado no Brasil e no mundo, já que, se aplicada corretamente, a substância age paralisando a musculatura onde é injetada e, consequentemente, elimina as rugas da região. Mas se engana quem acredita que esta é a única funcionalidade da toxina. “Inicialmente, a toxina botulínica era utilizada pela oftalmologia, para o tratamento da contração exagerada do músculo orbicular dos olhos chamada de blefaroespasmo, passando em seguida a ser usada para o tratamento de espasmos musculares em pacientes neurológicos. Só muito tempo depois a substância passou a ser aplicada para o tratamento de rugas e hoje pode ser utilizada sempre que há necessidade de relaxamento muscular, para benefícios estéticos ou não”, explica a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Por exemplo, em casos de paralisia facial a toxina botulínica pode ser utilizada para melhorar a assimetria da face causada pela contração dos músculos, harmonizando a face. Além disso, estudos apontam que a substância pode ser utilizada na melhora de cicatrizes hipertróficas e queloides. “Algumas pessoas têm problemas no processo de cicatrização, o que leva a formação de cicatrizes grandes, espessas e inestéticas. A toxina botulínica então pode ajudar para que a cicatrização ocorra de forma adequada, sendo usada preventivamente, já no dia da cirurgia, ou quando há necessidade de dar pontos na pele para reduzir a tensão local, além da substância agir nos vasos sanguíneos, diminuindo a vermelhidão nas cicatrizes”, completa a especialista.

Segundo a médica, a toxina também tem se mostrado eficiente no tratamento da enxaqueca quando aplicada na musculatura do couro cabeludo, sendo assim muito utilizada pela neurologia. Além disso, a neurologia, conjuntamente com a ortopedia, utiliza do relaxamento muscular proporcionado pela aplicação da substância para melhorar a posição dos membros de pacientes neurológicos com derrame ou paralisia cerebral. “A odontologia também tem utilizado a toxina para tratar condições como o bruxismo e a dor da articulação temporomandibular, causadas pela contração excessiva do músculo masseter, responsável pela mastigação”, destaca.

Porém, é fundamental utilizar a toxina com cuidado e apenas sob orientação médica, já que o uso indiscriminado da substância, em grandes doses ou em um espaço de tempo muito curto, pode levar a uma tolerância à toxina, que não fará mais efeito. “Além disso, os tratamentos com a toxina são contraindicados para algumas pessoas, como pacientes com problemas no sistema imunológico, com doenças onde há alteração do funcionamento da musculatura ou gestantes”, afirma a Dra. Beatriz Lassance. “Por isso, o mais importante é que você consulte um médico antes de realizar qualquer procedimento. Apenas ele poderá realizar uma avaliação e indicar o melhor tratamento para seu caso.”

Fonte: Dra. Beatriz Lassance – Cirurgiã Plástica formada na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e residência em cirurgia plástica na Faculdade de Medicina do ABC. Trabalhou no Onze Lieve Vrouwe Gusthuis – Amsterdam -NL e é Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, da ISAPS (International Society of Aesthetic Plastic Surgery) e da American Society of Plastic Surgery.

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