Em estudo publicado na revista médica JAMA Dermatology, pesquisadores australianos examinaram como o uso de protetor solar quando você é jovem afeta diretamente o risco de desenvolvimento do melanoma durante a vida

A importância da fotoproteção como forma de prevenir o desenvolvimento do câncer de pele já é conhecida por todas. Porém, cada vez mais surgem pesquisas nessa área para mostrar e comprovar a eficácia dos fotoprotetores na defesa de nossa pele contra a radiação ultravioleta. Por exemplo, um estudo recente publicado no Journal of the American Medical Association Dermatology (JAMA Dermatology) apontou uma relação entre o uso de fotoprotetor em crianças e o risco do desenvolvimento de melanoma, o tipo mais perigoso de câncer de pele, na idade adulta. “Ao reunirem dados de proteção solar de cerca de 1.700 participantes entre 2001 e 2005, incluindo de pessoas que foram diagnosticadas com melanoma, pesquisadores da Austrália, onde as taxas da doença são altíssimas devido a quantidade de radiação solar a qual a população se expõe, descobriram que o uso de fotoprotetor na infância pode reduzir o risco de melanoma em 40% antes dos 40 anos”, explica o pesquisador em Cosmetologia Lucas Portilho, farmacêutico e diretor científico da Consulfarma

Segundo o especialista, os resultados da pesquisa enfatizam a importância do uso de um fotoprotetor quando se é criança, já que a infância é um período de maior suscetibilidade aos efeitos carcinogênicos da radiação ultravioleta. “Desde muito cedo as crianças começam a desenvolver pintas e manchas grandes chamadas de nevo melanocítico, que são um fator de risco para o desenvolvimento do melanoma ao longo da vida. Porém, isso não quer dizer que apenas por que o dano já foi causado não há mais necessidade de proteção solar, pois sabemos que o dano solar é cumulativo e que a aplicação e reaplicação apropriada do filtro solar pode ajudar a prevenir lesões pré-cancerosas, cânceres de pele e danos causados pelo sol, incluindo rugas e manchas solares, mesmo em quem já possui algum tipo de lesão proveniente da radiação ultravioleta”, afirma.

Causas e prevenção – Embora a principal causa do melanoma seja genética, a exposição solar também influencia no aparecimento da doença. Esta fotoexposição, ao longo dos anos, pode gerar lesões novas ou modificar aquelas que já existiam previamente na pele de qualquer pessoa. “Por isso, é fundamental o uso de filtro solar diariamente, independentemente da estação do ano ou do clima, já que, mesmo em um dia 100% nublado, 80% da radiação UV consegue atravessar as nuvens”, alerta a dermatologista Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Academia Americana de Dermatologia.

Embora o diagnóstico de melanoma normalmente traga medo e apreensão aos pacientes, as chances de cura são de mais de 90% quando há detecção precoce da doença. Desse modo, a realização do autoexame dermatológico é necessária, devendo ser realizado principalmente em pessoas de pele clara, que possuem antecedentes familiares de câncer de pele, tomaram muito sol antes dos trinta anos e sofreram queimaduras, possuem muitas pintas, manchas e sardas por exposição solar anterior ou que já retiraram pintas com diagnóstico atípico. “Podemos realizar este procedimento com certa regularidade, uma vez por mês, na frente do espelho e de preferência com luz natural, para verificar o surgimento de alguma mancha, relevo ou ferida que não cicatriza”, indica a dermatologista. Segundo ela, as dicas para o autoexame são:

  • Examine seu rosto, principalmente o nariz, lábios, boca e orelhas.
    • Para facilitar o exame do couro cabeludo, separe os fios com um pente ou use o secador para melhor visibilidade. Se houver necessidade, peça ajuda a alguém.
    • Preste atenção nas mãos, também entre os dedos.
    • Levante os braços, para olhar as axilas, antebraços, cotovelos, virando dos dois lados, com a ajuda de um espelho de alta qualidade.
    • Foque no pescoço, peito e tórax. As mulheres também devem levantar os seios para prestar atenção aos sinais onde fica o sutiã. Olhe também a nuca e por trás das orelhas.
    • De costas para um espelho de corpo inteiro, use outro para olhar com atenção os ombros, as costas, nádegas e pernas.
    • Sentada, olhe a parte interna das coxas, bem como a área genital.
    • Na mesma posição, olhe os tornozelos, o espaço entre os dedos e a sola dos pés.

De acordo com a dermatologista, este tipo de cuidado de rotina, principalmente para quem tem a pele muito clara e com muitas pintas, promove consciência e aguça o olhar sobre as lesões, aumentando a percepção de mudança ou seu crescimento. “Para saber se uma lesão é mais preocupante, normalmente é usada a regra do ABCD (área, borda, cor e diâmetro) sobre pintas com pigmentação. Dividimos a lesão em quatro partes iguais e comparamos os quadrantes observando a simetria, avaliamos as bordas identificando irregularidade na forma de desenhos circinados, observamos a presença ou não de várias cores compondo esta figura e observamos se apresenta diâmetro acima de 6 mm”, comenta a Dra. Claudia. “Quanto aos sinais clínicos, qualquer lesão que coce, doa ou sangre e que aumente de tamanho com rapidez ou apresente sensibilidade, precisa ser examinada por um dermatologista, que fará então uma dermatoscopia manual ou digital, avaliando se a necessidade de realizar a retirada cirúrgica da lesão.”

Lucas Portilho – Consultor e pesquisador em Cosmetologia, farmacêutico e diretor científico da Consulfarma e Pesquisador em Fotoproteção na Unicamp. Especialista em formulações dermocosméticas e em filtros solares. Diretor das Pós-Graduações do Instituto de Cosmetologia e Ciências da Pele Educacional, Hi Nutrition Educacional e Departamento de Desenvolvimento de Novas fórmulas. Atuou como Coordenador de Desenvolvimento de produtos na Natura Cosméticos e como gerente de P&D na AdaTina Cosméticos. Possui 17 anos de experiência na área farmacêutica e cosmética. Professor e Coordenador dos cursos de Pós-Graduação com MBA do Instituto de Cosmetologia e Ciências da Pele Educacional. Coordena Estágios Internacionais em Desenvolvimento de Cosméticos na Itália, França, Mônaco e Espanha. Atua em desenvolvimento de formulações para mercado Brasileiro, Europeu e América Latina

Dra. Claudia Marçal – É médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da American Academy Of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). É speaker Internacional da Lumenis, maior fabricante de equipamentos médicos a laser do mundo; e palestrante da Dermatologic Aesthetic Surgery International League (DASIL). Possui especialização pela AMB e Continuing Medical Education na Harvard Medical School. É proprietária do Espaço Cariz, em Campinas – SP.

Estudo:https://jamanetwork.com/journals/jamadermatology/article-abstract/2687549

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