Elementos arredondados na arquitetura são uma tendência, que revela o atual comportamento da sociedade que busca por aconchego e fluidez
A arquitetura é, reconhecidamente, uma das áreas que mais reflete a realidade e os anseios de uma determinada época. Atualmente, ela traduz o desejo da sociedade por espaços mais fluídos e acolhedores, em detrimento dos tempos difíceis que estamos vivendo. Um dos reflexos dessa tendência comportamental é o uso de formas curvas e arredondadas nos projetos. Os círculos, em sua essência, são elementos de inclusão e congregação.
De acordo com a arquiteta Gislene Lopes, é fato que o modernismo trouxe consigo uma forte valorização de elementos considerados mais simples e supervalorizaram os ângulos retos e toda a praticidade nos seus “encaixes”. Mas, nos dias de hoje, percebe-se que a fluidez das curvas tem também um lado muito prático. “As curvas trazem mais leveza e promovem circulações mais fluidas nos ambientes. Não é que não se usavam as curvas, haja visto tudo o que Niemeyer fez no último século, mas com os avanços técnicos foi possível trazer e popularizar estes conceitos para dentro dos ambientes e mobiliários”, afirma.
De acordo com Gislene Lopes, as formas curvas, utilizadas com um bom conceito, auxiliam, também, na leveza e praticidade das circulações dos espaços. A profissional destaca ainda que, no mercado atual, tecnologicamente avançado, é possível dispor de diversos materiais e possibilidades de se usar as formas arredondadas. “A tecnologia nos permitiu criar todo tipo de estruturas arredondadas, em diversos tipos de materiais ou objetos de design. Temos desde o concreto até a madeira passando por toda a gama de materiais como vidros, metais, etc. que conseguimos criar ideias utilizando curvas ou formas arredondadas. Podemos fazer elementos estruturais de uma casa, revestimentos, esquadrias, mobiliários, bancadas, todo tipo de elemento arquitetônico e de interiores que possam agregar em um conceito melhor representado por estas formas sem tanta rigidez de ângulos”, explica.
Gislene Lopes conta também que, de acordo com a criação do projeto, é muito mais fácil utilizar as curvas do que o ângulo reto, mas, também alerta que é preciso compreender qual o foco da ambientação. “Se o conceito vai por outro caminho não adianta forçar em colocar curvas onde elas não foram aceitas. É preciso deixar fluir o conceito, sem excessos nesses elementos, sejam as curvas ou os ângulos retos e saber que eles também podem trabalhar muito bem juntos, criando um equilíbrio entre as formas”, encerra.
Neste projeto, Gislene trabalhou com objetos curvos (como a mesa e sofá) juntamente com elementos de ângulos retos criando uma composição harmoniosa. Foto: Gustavo Xavier
Sobre a profissional:
Foto: Odilon Amaral
Formada em designer de ambientes pela UEMG e arquitetura pela FUMEC, Gislene Lopes atua no mercado desde 1987. Sua empresa é formada por uma equipe de vários profissionais qualificados e possui parceria com diversos fornecedores que a acompanham ao longo desses anos. Gislene Lopes se destaca pelos seus projetos arrojados com atuação em vários segmentos que vão desde a concepção do projeto arquitetônico até os detalhes finais de ambientação.
Foto: Jomar Bragança