Pesquisa aponta que jovens são mais suscetíveis a acreditar e a espalhar notícias falsas
Com a tecnologia, as informações correm com uma velocidade incrível. Por isso, é preciso ter certeza antes de compartilhar alguma coisa nas redes sociais. As fake news — notícias falsas com conteúdo duvidoso e sem fontes de credibilidade — têm alcançado grande repercussão atualmente. Segundo pesquisa feita por pesquisadores do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) e publicada este ano na revista Science, uma notícia falsa tem 70% mais chance de ser compartilhada.
Um apuramento realizado pela DNPontocom mostra que os jovens são os mais inclinados à compartilharem fake news, pois são os mais ativos nas redes sociais e os que menos checam as informações do conteúdo. Entre os entrevistados da geração Z (nascidos entre 1990 e 2010), sete em cada dez leem apenas o título das informações, quatro em cada dez compartilham, sem checar, opiniões de pessoas em que acreditam – e três em cada dez são influenciados por familiares. A geração Y (nascidos entre 1980 e 1990) mostra maior cuidado: seis em cada dez checam mais de uma fonte de uma mesma informação. E os da geração X (nascidos até o início dos anos 1980) são influenciados por intelectuais e em sua maioria leem a notícia completa.
“A chave para a melhora desse índice é orientar os jovens e incentivar que consumam informação de qualidade”, instrui Daniel Medeiros, professor de História e Filosofia do Curso Positivo. Segundo ele, o lugar no qual ainda é possível construir esse dia a dia de cuidado com a verdade e produzir um ambiente livre de fake news é a escola. “Para isso, é preciso agir com método e persistência. Não pode ser uma atividade ou outra, mas uma prática cotidiana, liderada pelos adultos. Não bastam os professores, mas todos os que convivem no mundo escolar. Tem de ser uma postura e não uma moda. Um hábito e não um esforço passageiro”, ressalta.
Para o professor, são três os fatores que levam a geração Z a disseminar fake news: os jovens não leem muito, estão conectados pelo celular o tempo todo e buscam notoriedade por meio de compartilhamentos. “As pessoas que têm menor influência na rede veem nessas notícias uma chance de ganhar algum tipo de popularidade”, afirma.
O maior problema, segundo Medeiros, não é o surgimento da fake news em si, mas sua propagação: “se ninguém comentasse, divulgasse ou compartilhasse notícia sem antes ter o cuidado de verificar a origem, as postagens não seriam fonte de nenhuma confusão”, ressalta. “Boatos, fofocas, fuxicos, diz-que-me-disse, tudo isso é tão antigo como a própria humanidade. Deve ter surgido com a linguagem, já que as palavras não são tão boas para descrever situações – e, por isso, é sempre necessária alguma interpretação, o que se sempre possibilita algum grau de distorção”, completa. Medeiros lembra ainda que o cuidado deve ser ainda maior neste ano, uma vez que a maior parte das fake news deverão ser relacionadas com o processo eleitoral.