Os distúrbios alimentares, como anorexia nervosa, bulimia e transtorno da compulsão alimentar, são condições que afetam uma parte da população mundial, impactando não apenas o comportamento alimentar, mas também a saúde mental e física dos indivíduos. Essas doenças têm sido associadas a um ciclo complexo de fatores emocionais, biológicos e psicológicos, tornando o tratamento um desafio multifacetado. Recentemente, a cannabis medicinal tem sido estudada como uma alternativa para auxiliar no tratamento desses transtornos, oferecendo uma abordagem inovadora para promover o equilíbrio e a recuperação.

Para Maria Klien, psicóloga e especialista em medos e ansiedade, o uso terapêutico de canabinóides pode ser um aliado importante no tratamento. “Estudos recentes mostram que a cannabis pode ajudar a regular o apetite e reduzir a ansiedade, fatores que frequentemente desencadeiam os episódios de compulsão alimentar ou a recusa alimentar em pacientes com anorexia”, explica a especialista.

Um dos compostos mais estudados é o CBD (canabidiol), que vem mostrando efeitos positivos na modulação do estresse e na redução da ansiedade – ambos fatores que desempenham um papel importante no agravamento dos distúrbios alimentares.

O CBD pode atuar diretamente no sistema endocanabinoide do corpo, promovendo o equilíbrio emocional e ajudando os pacientes a lidarem com os gatilhos psicológicos desses transtornos”, afirma Maria Klien.

Além disso, o THC (tetra-hidrocanabinol) tem demonstrado eficácia em melhorar o apetite e reduzir a sensação de náusea (um sintoma comum em pacientes com anorexia e bulimia).

Pesquisas realizadas nos últimos anos indicam que a combinação de canabinóides pode ser eficaz na restauração do apetite e promoção do bem-estar psicológico em pacientes com distúrbios alimentares. Estudos em animais e humanos sugerem que a cannabis regula os circuitos cerebrais responsáveis pela alimentação, fornecendo um tratamento eficaz e menos invasivo.

A especialista alerta que, apesar dos resultados promissores, a utilização da medicação deve ser acompanhada por profissionais da saúde. “Cada paciente é único, e o tratamento deve ser individualizado. A cannabis medicinal pode ser uma ferramenta útil, mas deve sempre ser aplicada como parte de uma abordagem terapêutica integrada, envolvendo acompanhamento psicológico e nutricional”, ressalta a especialista.

Sobre Maria Klien 

Maria Klien exerce a psicologia, se orientando pela investigação dos distúrbios ligados ao medo e à ansiedade. Sua atuação clínica integra métodos tradicionais e práticas complementares, visando atender às necessidades emocionais dos indivíduos em seus universos particulares. Como empreendedora, empenha-se em ampliar a oferta de recursos terapêuticos que favorecem a saúde psíquica, promovendo instrumentos destinados ao equilíbrio mental e ao enfrentamento de questões que afetam o bem-estar psicológico de cada paciente.

foto: Louis Hansel – Unplash

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