A tontura deixa de ser considerada um evento normal quando ocorre com frequência, é intensa, persistente ou está associada a outros sintomas, como perda auditiva, zumbido no ouvido e dor de cabeça

Por volta dos 40, 45 anos, ou seja, até 10 anos antes de entrar na menopausa, muitas mulheres podem sentir uma série de sintomas, dentre eles a tontura. “Definimos tontura como qualquer sensação de distorção do seu corpo em relação ao espaço, como desequilíbrio, instabilidade, bem como sensação de inclinação, de leveza ou de peso na cabeça. A tontura não é uma doença em si, mas um sintoma que pode indicar alterações diversas”, destaca a otoneurologista Dra. Nathália Prudencio, otorrinolaringologista especialista em tontura e zumbido. “A tontura está dentro do conjunto de sintomas menos comuns da perimenopausa e menopausa, mas raramente aparece de forma isolada quando está associada à queda na produção hormonal”, explica o ginecologista Dr. Igor Padovesi, membro da North American Menopause Society (NAMS) e da International Menopause Society (IMS). “No entanto, é sempre importante a avaliação médica nos casos de persistência da tontura, pois esse é um quadro incômodo e que pode indicar alguns problemas de saúde quando acompanhada de outros sintomas”, destaca a otoneurologista.

Na maior parte das vezes, os sintomas da menopausa têm origem na diminuição da produção de estrogênio nesta fase — quando a reserva ovariana da mulher (ou seja, todos os óvulos com os quais poderá contar para ter filhos) está se esgotando. “Dentre os sintomas mais comuns relacionados a essa fase, estão: calorões (fogachos), alterações do humor, irritabilidade, ansiedade, tristeza, insônia, distúrbios do sono (que fica mais curto e leve), fadiga, mudança da composição corporal, tendência a ganhar peso, além de dificuldades na memória e na concentração. A tontura é um dos sintomas inespecíficos que podem aparecer dentro desse contexto de sintomas mais comuns”, explica o médico Dr. Igor. “As mudanças hormonais estão direta e indiretamente ligadas à tontura na menopausa”, acrescenta o ginecologista.

A tontura pode indicar alterações preocupantes ou não. “E aqui vale diferenciar duas variações importantes: a vertigem e a tontura. O primeiro se refere a qualquer ilusão de movimento, como ver o ambiente balançar ou girar, ou sentir que está se movendo quando não está (alteração observada em muitas doenças que afetam o sistema vestibular); já na tontura (sem vertigem) não há ilusão de movimento, a sensação pode ser descrita como desequilíbrio, sensação estranha na cabeça ou instabilidade”, diz a médica. “Além da tontura, também podemos observar zumbido no ouvido e náuseas em algumas pacientes, acompanhados ou não de vômitos”, comenta a Dra. Nathália.

O papel do otoneurologista, segundo a médica, é identificar se esse sintoma está ou não ligado a doenças causadoras de tontura, como a VPPB (Vertigem posicional paroxística benigna) e a Enxaqueca Vestibular, doenças que podem aparecer nesse período com maior frequência, mas que causam tontura em todas as idades. “Por isso, não podemos afirmar que o seu surgimento se dá unicamente pela menopausa”, diz a otoneurologista. A tontura, segundo a Dra. Nathália, deixa de ser considerada um evento normal quando ocorre com frequência, é intensa, persistente ou está associada a outros sintomas, como perda auditiva, zumbido no ouvido e dor de cabeça.

Como prevenir e aliviar a tontura da menopausa?

A melhor estratégia para amenizar os desconfortos da tontura durante a menopausa passa pela orientação médica. “Ter um acompanhamento médico especializado na passagem para a menopausa traz benefícios à qualidade de vida da mulher. Para amenizar os sintomas, o tratamento padrão é a terapia hormonal, então existem tratamentos adjuvantes ou que podem ser opção para mulheres que eventualmente tenham contraindicação para a reposição hormonal clássica, mas que são a absoluta minoria. Então, para quase todas as mulheres, a terapia hormonal é recomendada, inclusive porque não só melhora os sintomas, a qualidade de vida, como reduz o risco de doenças”, explica o Dr. Igor Padovesi.

No caso específico da sensação de tontura, alguns cuidados podem ajudar, segundo a Dra. Nathália: “Manter-se adequadamente hidratada e alimentada, ou seja, beber bastante água, priorizar uma dieta equilibrada, com foco em alimentos nutritivos e pobre em alimentos processados ou açucarados, bem como manter atividade física regular e incluir hobbies em sua rotina, podem ajudar”, explica a otoneurologista. “Outra dica é tomar mais cuidado ao se levantar, ação que deve ser feita gradualmente para evitar quedas de pressão e sensação de desequilíbrio”, explica. “No caso do tratamento específico para condições que causem tontura, na VPPB, por exemplo, é necessário realizar a manobra de reposicionamento dos otólitos, que é feita em consultório e geralmente garante a melhora do paciente na primeira execução. Já na Enxaqueca Vestibular, os pacientes necessitarão de remédios para controle dos sintomas durante as crises de tontura”, finaliza a Dra. Nathália.

FONTES:

*DRA. NATHÁLIA PRUDENCIO: Médica otorrinolaringologista, especialista em tontura e zumbido. Fez especialização e mestrado em otoneurologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Com foco no diagnóstico e tratamento de distúrbios do equilíbrio e transtornos auditivos causadores de zumbido, a médica possui título de especialista em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). Graduada em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez residência Médica em Otorrinolaringologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Site: http://www.dranathaliaprudencio.com. CRM-SP 203299 | Instagram: @dranathaliaprudencio

*DR. IGOR PADOVESI: Médico Ginecologista, especialista em menopausa certificado pela North American Menopause Society (NAMS), membro da International Menopause Society (IMS) e membro sênior da European Society of Aesthetic Gynecology (ESAG). Associado à Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) da qual fez parte da Diretoria de Comunicação Digital (2016-2019). Formado e pós-graduado pela USP, onde foi preceptor da Disciplina de Ginecologia, e é doutorando com projeto na área de cirurgias íntimas. Ex-instrutor dos cursos de pós-graduação e outros cursos da área de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Albert Einstein e membro do corpo clínico do mesmo hospital. Conquistou em 2024 o prêmio internacional com o 1º lugar no Congresso Mundial de Ginecologia Estética na Colômbia, com trabalhos científicos sobre ninfoplastias. Instagram: @dr.igorpadovesi

foto: divulgação

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