Médico destaca a importância do apoio familiar e das estratégias de estilo de vida

O lecanemabe recebeu atenção mundial depois de ter sido o medicamento mais recente aprovado para a doença de Alzheimer e o primeiro tratamento aprovado para Alzheimer pela Administração de Alimentos e Medicamentos (Food and Drug Administration, FDA) dos EUA em mais de 20 anos. O donanemabe, um outro medicamento da classe, está sob análise para receber aprovação similar. A previsão é que a aprovação aconteça em um ano. O Dr. Vijay Ramanan, Ph.D., neurologista comportamental na Mayo Clinic em Rochester, Minnesota, diz que é importante ver essas novas opções como possível parte de um plano geral de tratamento.

“Tentamos não transformar qualquer opção de tratamento em uma discussão de tudo ou nada com os pacientes, porque o controle da doença de Alzheimer deve ser um processo abrangente”, explica o Dr. Ramanan.

Os novos desenvolvimentos nas opções de tratamento da doença de Alzheimer tornam o Mês Mundial do Alzheimer, em setembro, particularmente oportuno.

O que o novo medicamento para Alzheimer significa para os pacientes

O lecanemabe é um medicamento promissor na remoção de placas amiloides do cérebro. Elas são os primeiros marcadores da doença de Alzheimer. Em seu estudo clínico, o tratamento com lecanemabe ao longo de 18 meses diminuiu modestamente o avanço do declínio cognitivo, mas ele não pode ser usado por todos os pacientes, de acordo com o Dr. Ramanan.

“O lecanemabe só é adequado para os pacientes que receberam a confirmação para estágios relativamente leves da doença de Alzheimer”, explica ele. “Não há evidências que apoiem o uso do medicamento em pacientes com estágios mais avançados da doença ou em pacientes com funcionamento cognitivo normal.”

Os pacientes tomarão o lecanemabe a cada duas semanas por via intravenosa e farão exames regulares de ressonância magnética para verificar se há inchaço e/ou sangramento no cérebro, um efeito colateral conhecido como anormalidades de imagem relacionadas à amiloide ou ARIA.

“A perspectiva de ter algo que retarde o avanço da doença por meio da remoção da placa amiloide, um elemento importante da doença, faz com que o medicamento seja de especial interesse”, explica o Dr. Ramanan. “Entretanto, esses medicamentos são complexos e não serão a opção correta para todos os pacientes, o que indica a necessidade de considerar as nuances envolvidas, e também as conversas individualizadas na clínica.”

A importância do apoio familiar e das estratégias de estilo de vida

Para alguns pacientes que estão considerando o uso do lecanemabe, o comprometimento com infusões periódicas e exames regulares de ressonância magnética podem ser incompatíveis com o estilo de vida ou objetivos e, de acordo com o Dr. Ramanan, tomar uma decisão compartilhada com os pacientes e seus familiares sobre essas nuances devem ser discutidas.

Mesmo que o paciente não prossiga com a nova medicação, ele pode incorporar outros tratamentos medicamentosos para a doença de Alzheimer e estratégias de estilo de vida para ajudar o cérebro. Os hábitos de estilo de vida incluem atividade física, permanecer em convívio social, manter a mente ativa, consumir uma dieta balanceada e ter uma boa noite de sono.

“Tudo isso soa familiar, mas os fundamentos que são bons para o coração e o cérebro realmente afetam a saúde a longo prazo”, explica o Dr. Ramanan.

O futuro do tratamento do Alzheimer

O Dr. Ramanan explica que, no futuro, os pacientes com a doença de Alzheimer poderão necessitar de combinações específicas de medicamentos, dependendo dos sintomas e outros fatores, como no caso de pacientes com pressão arterial elevada, HIV e outras doenças complexas.

De acordo com o Dr. Ramanan, a pesquisa com a proteína tau, que se acumula no cérebro, vem despertando grande interesse na área. Como e quando a tau se acumula no cérebro são fatores estreitamente vinculados aos tipos e ao momento dos sintomas. Os primeiros estudos clínicos estão em andamento para verificar se a administração de medicamentos ao sistema nervoso pode reduzir o acúmulo de tau, entre outras estratégias.

“Reconhecemos que ainda não existe cura para o Alzheimer e doenças relacionadas, nem estratégias de prevenção integrais e completas para elas”, explica o Dr. Ramanan. “Mas, assim como com outras doenças, o futuro quase certamente exigirá uma combinação de estratégias de estilo de vida e, com sorte, terapias medicamentosas cada vez melhores.”

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