Lívia Trois, Diretora Geral da Rede Master
Em um cenário aparentemente trivial, mas de extrema complexidade, a busca por mão de obra qualificada para o setor hoteleiro tem se tornado uma tarefa cada vez mais árdua. A rotatividade de funcionários, especialmente em cargos-chave como camareiras, recepcionistas e equipe de manutenção, tem sido uma constante, refletida na breve permanência dos colaboradores nessas posições.
As razões que culminam nessa situação são variadas e merecem atenção. Enquanto alguns buscam novas oportunidades com base em avanços de carreira, através de aprimoramento técnico e educação contínua, a maioria opta por seguir outros caminhos. Os mais breves vêm ao encontro da sonhada independência, galgada na informalidade, que efemeramente e aparentemente trazem benefícios mais atrativos.
Por mais que a estabilidade, garantia de direitos, remuneração de férias, décimo terceiro, proteção social e diversos outros benefícios oferecidos pela contratação em regime de carteira assinada (CLT) sejam fundamentais e garantam segurança aos funcionários, a atratividade de remunerações mais substanciais, mesmo sem respaldo legal, muitas vezes se sobressaem. A promessa de flexibilidade de horários e poucas exigências, também exerce um certo encantamento sobre alguns candidatos.
Outro ponto relevante a ser abordado é o valor das chamadas “soft skills”. Frequentemente, o simples ato de tratar bem e acolher o público é o que faz toda a diferença. Afinal, na hotelaria, lidamos diretamente e constantemente com pessoas, tornando a habilidade de interagir e proporcionar experiências positivas aos hóspedes um diferencial indispensável.
Não podemos afirmar que a falta de vagas formais de emprego é o problema, mas sim a dificuldade e o desafio em encontrar profissionais interessados em preencher essas posições. Muitos enxergam o trabalho em hotéis como algo temporário, apenas para um curto prazo, buscando, posteriormente, oportunidades em outras áreas. Isso contribui para a constante instabilidade das equipes no setor hoteleiro.
Diante dessa realidade, é crucial buscar soluções para enfrentar o dilema da mão de obra na hotelaria. Investir na valorização do colaborador, oferecendo benefícios que vão além do salário, demonstrando o compromisso com seu bem-estar e desenvolvimento profissional, pode ser um caminho promissor. Além disso, programas de capacitação e incentivo ao crescimento interno podem ajudar a reter talentos, tornando o ambiente de trabalho mais atrativo e satisfatório.
É importante que todos os envolvidos no setor hoteleiro se unam em busca de alternativas para superar esse desafio. Encontrar o equilíbrio entre as necessidades dos colaboradores e as demandas do mercado é essencial para garantir a qualidade dos serviços prestados e a excelência das experiências oferecidas aos hóspedes.
Em síntese, a dificuldade na contratação de mão de obra na hotelaria é um problema que merece atenção e delicadeza em sua abordagem. Reconhecer os desafios, sem culpar exclusivamente os envolvidos, é o primeiro passo para construir um setor mais sólido e acolhedor, onde a estabilidade e a satisfação dos colaboradores sejam tão valorizadas quanto a busca por resultados positivos. Somente assim, poderemos enfrentar o problema que ninguém vê, mas que todos sentem.
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