Dermatologista e tricologista Dra. Kédima Nassif explica em que casos o formigamento do couro cabeludo pode indicar condições mais sérias, como dermatites e até mesmo queda dos cabelos

Não é incomum sentirmos o couro cabeludo formigar de vez em quando. A sensação tende a não receber muita atenção quando surge, porém, de acordo com a dermatologista e tricologista Dra. Kédima Nassif, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, o formigamento na região pode significar que algo está errado com a saúde de seus cabelos, pele ou organismo como um todo. Por isso, é importante prestar atenção ao formigamento e analisar se a sensação surge acompanhada de outros sintomas que podem ser indícios de doenças mais sérias. Para ajudar nesses casos, a especialista apontou os principais problemas que causam sensação de formigamento no couro cabeludo. Confira:

Irritação: Uma causa comum, mas temporária, do formigamento no couro cabeludo é a irritação causada por produtos químicos como progressivas, tinturas, fragrâncias em shampoos e condicionadores e outros cosméticos. “Além disso, os resíduos de shampoos, condicionadores e outros produtos nos cabelos devido à enxague incorreto também podem causar coceira e irritação na região, sendo que o problema tende a afetar principalmente pessoas que possuem o couro cabeludo sensível”, explica a dermatologista

Eczema: “O eczema, ou dermatite, é uma condição de pele comum que causa erupções, coceira, vermelhidão, ressecamento e descamação em certas áreas do corpo, incluindo o couro cabeludo. Não contagiosa, a doença ainda tem causa desconhecida, estando geralmente associada à quadros de asma brônquica, rinite alérgica ou alergia de contato. Estudiosos também acreditam que a doença seja causada por uma combinação entre pele seca e irritada com um mau funcionamento do sistema imunológico.”

Dermatite seborreica: Conhecida popularmente como caspa, a dermatite seborreica é uma inflamação na pele que causa descamação, coceira e vermelhidão no couro cabeludo, podendo também afetar outras áreas como sobrancelhas, cantos do nariz e orelhas. “Com causa ainda desconhecida, a inflamação pode ter origem genética ou ser desencadeada por fatores externos, como alergias, estresse, medicamentos, excesso de oleosidade e até mesmo infecção por fungos”, destaca a médica. A dermatite seborreica também é muito comum em recém-nascidos, sendo conhecida como crosta láctea. Porém, nesse caso, é uma condição temporária e tende a desaparecer sozinha.

Medicamentos: Alguns medicamentos podem causar parestesia como efeito colateral. A parestesia é uma sensação de formigamento que geralmente é temporária e não necessita de tratamento ou interrupção do uso da medicação. Porém, a consulta com um médico é recomendada caso o sintoma persista por períodos prolongados.

Psoríase: A psoríase é uma doença inflamatória da pele que possui a genética como um dos principais fatores para seu desenvolvimento. “Não contagiosa e ainda sem cura, sendo considerada então uma doença crônica, a psoríase caracteriza-se por placas avermelhadas e descamativas que coçam e podem surgir em diferentes partes do corpo, pincipalmente no couro cabeludo, cotovelos e joelhos”, afirma a Dra. Kédima.

Alopecia: Alopecia é um termo que se refere à perda do cabelo. Quando os folículos capilares estão em estado de queda é comum que ocorra coceira ou formigamento no couro cabeludo, sintoma que é chamado de tricodinia. Segundo a tricologista, entre as condições que podem resultar em formigamento no couro cabeludo estão o eflúvio telógeno e a alopecia areata.

Dermatofitose: A dermatofitose é uma infecção fúngica causada por dermatófitos, fungos que se alimentam de queratina. Dessa forma, é comum que a infecção ocorra em locais ricos nessa proteína, como unhas e regiões com grande quantidade de pelos, incluindo o couro cabeludo. Contagiosa, a infecção pode causar coceira, dor no local e até mesmo queda de cabelo.

Piolhos: “Transmitidos por meio de contato, os piolhos são pequenos parasitas que vivem nos cabelos e se alimentam do sangue que circula no couro cabeludo, causando coceira ao morderem a região para alcançar os vasos sanguíneos. Sendo mais comuns em crianças, um dos primeiros sintomas da presença de piolhos é justamente a sensação de formigamento no couro cabeludo como se algo estivesse se movendo sob o cabelo.”

Outros fatores como fibromialgia, estresse, ansiedade, danos nos nervos e enxaqueca também podem causar sensação de formigamento no couro cabelo. “Para ter certeza de qual a causa do formigamento, o ideal então é que você consulte um médico. Ele poderá realizar biópsia do couro cabeludo e outros exames para chegar no diagnóstico correto. A partir disso, o médico indicará a melhor medida para tratar a causa do formigamento, que vai variar dependendo do problema”, afirma a dermatologista.

De acordo com a Dra. Kédima, existem cuidados que você pode adotar para diminuir a sensação de formigamento no couro cabeludo, como optar pelo uso de produtos que não contenham fragrâncias ou componentes químicos agressivos e irritantes, como álcool, parabenos, ftalatos, sulfatos. Evitar o uso de ferramentas de calor e a realização de procedimentos capilares, como progressivas e tinturas, também pode ajudar no alívio da coceira. “Higienizar os cabelos diariamente também é fundamental para evitar o problema. Uma boa dica é utilizar um shampoo antirresíduos semanalmente para remover o acúmulo de produtos nos fios que pode irritar o couro cabeludo”, recomenda. “Porém, a melhor alternativa para o tratamento da sensação de formigamento é realmente a consulta com um profissional especializado, já que apenas ele poderá identificar e tratar a verdadeira causa do problema.”

DRA. KÉDIMA NASSIF: Dermatologista e Tricologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica e da Associação Brasileira de Restauração Capilar. Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, possui Residência Médica em Dermatologia também pela UFMG; realizou complementação em Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal, transplante capilar pela FMABC e em Cosmiatria e Laser pela FMABC. Além disso, atuou como voluntária no ensino de Tricologia no Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo. www.kedimanassif.com.br

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